Mensagem de Mãe de criança com autismo

“MEU NOME É EVA ALMEIDA, sou mãe de uma adolescente com TEA

Evelyn era uma criança inteligente e perfeccionista, sobressaía das demais que eu conhecia,
porém era solitária, não brincava com outras crianças, tinha apenas uma amiguinha, brincava com APENAS uma única boneca, usava uma única fralda na chupeta, (eu conseguia trocar essa fralda
somente quando estava dormindo, caso contrário não permitia a troca). Tinha dificuldades com
mudanças de objetos ou de planos, ficava irritada, e etc.

Para minimizar esse comportamento eu explicava com antecedência tudo o que íamos fazer, porém a situação ficava difícil se ocorria algum imprevisto. Ainda quando era criança, me pediu para levá-la em uma psicóloga, eu SEMPRE DIZIA : “para que, você não tem nada”. Em certa ocasião, comentou indignada que procurou a psicóloga da escola, porém não conseguiu falar. Novamente brinquei, “você não tem nada”. Pensei que fosse apenas curiosidade.

Com tantas peculiaridades, eu achava que eram manias, pois era uma criança inteligente, e eu
sempre acreditava que os problemas eram das outras crianças.

Com a adolescência, nossa relação foi ficando complicada, pedia que ela realizasse algumas
atividades de casa, ela não conseguia, quando fazia era demorado, isso me irritava. Algumas vezes
eu gritava com ela, o que piorava a situação, pois ela ficava paralisada, chorava muito, e eu não
conseguia achar solução ou explicação para seu comportamento. Havia ocasiões que eu pensava
que ela não gostasse de mim, pois quando a tocava, ela me repelia, e algumas vezes dizia que eu
falava alto e a incomodava. Isso me machucava muito. Sentia como se fosse rejeitada pela minha
filha, me distanciando. Um dia não a agredi fisicamente, porque meu marido me segurou. Eu
sentia como se em algum momento, tivesse perdido a minha filha. Eu não à reconhecia. Ficava
pensando quando foi que a perdi, procurando respostas.

Por volta do final de 2016, observei que seus braços estavam feridos, ela estava se auto
lesionando, nesse momento, percebi que o problema era sério. Lembrei-me da Evelyn pedindo
para ser levada a uma psicóloga. Imediatamente a levei em uma psicóloga, fez acompanhamento
por aproximadamente seis meses. A psicóloga me falou que minha filha era “mimada”, que
deveria ser mais dura.

Tentei conversar com minha filha, pedindo para que me explicasse o que estava sentido, o que
estava ocorrendo, para que eu ajudasse, porém ela não conseguia definir, dizia que não sabia
explicar o que sentia.

Eu percebia que a Evelyn sentia como se não se encaixasse no mundo, como se estivesse a
procura do seu eu.

Procurei uma segunda psicóloga, dessa vez, uma jovem, pensando que a Evelyn pudesse se
identificar e se abrir. Durante o tratamento, a profissional falou que não estava sentido progresso
no comportamento da Evelyn, e após alguns meses, encerrou o tratamento, como havia relatado
antes, não sentia que as sessões estavam surtindo efeito, relatando que tinha certeza que a minha
filha não tinha depressão, pois se vestia e se portava de forma perfeccionista.

Um dia assisti uma entrevista sobre TEA, imediatamente observei que a Evelyn possuía vários
sinais semelhantes aos do autismo. Conversei com ela, que riu, dizendo que eu estava doida.
Após alguns dias, Evelyn me falou que leu a respeito, se identificou com vários sinais do TEA, e
concordou em novamente fazer sessão com psicóloga. Procurei uma outra profissional, que me
encaminhou para a DRA. RENATA APRÁ, Neuropsicóloga. Após a avaliação neuropsicológica, que
demorou por volta de um mês e meio, foi confirmado que a Evelyn possuía Transtorno Espectro
Autista, nível 1.

Com a Dra. Renata, percebi que tinha que aprender a lidar com minha filha, que a sua frieza, o fato
de não aceitar contato físico, de gostar de ficar sozinha, de ter dificuldades com sons, eram uma
característica dela. Passei a respeitar sua opinião e vontade.

Posteriormente tomamos conhecimento que portadores do TEA possuem vários direitos, entre eles,
entrada preferencial em filas, gratuidade em eventos e cota para ingresso em Universidades e
Faculdades.

Atualmente a Evelyn faz acompanhamento com psiquiatra, faz uso de medicamento, que ajuda
na convivência social, e está cursando o primeiro semestre de medicina na Universidade de
Rondonópolis-MT (UFR).

Desejo que as mães que estejam com dificuldades com seus filhos adolescentes, sem entender o
seu comportamento, procurem um ESPECIALISTA, pois infelizmente, por mais que amamos nossos
filhos, não conseguimos conhecer o que passa em sua mente e em seu coração.”

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